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23 março 2010

O jardim da razão

Dentre todos os jardins ele era o mais bonito, o jardim da razão. Talvez pelo seu equilíbrio, sempre foi o que mais chamou a atenção; muito exaltado pelas pessoas que colocavam-no como exemplo a ser seguido.

O seu único problema era que ninguém -quando digo ninguém é ninguém mesmo- conseguia viver uma vida inteira somente no território da razão, sem dar algumas 'escapadinhas' de vez em quando...

Alguns conseguiam até passar muito tempo, outros nem tanto, mas o fato é que todos inevitavelmente sentiam a necessidade de conhecer o que havia além das fronteiras da razão. Em alguns momentos elas certamente sairiam de lá e, fora do território da razão, podiam se recompor rapidamente, voltando depressa, ou simplesmente esquecer o caminho de volta ao jardim.

O jardim da razão se mantinha sempre florido, colorido, um verdadeiro espetáculo aos olhos e ao coração de qualquer um que o visse. Além disso ele detinha uma coleção de aromas, tão ampla que era capaz de agradar os gostos mais diversos. Esse era um jardim realmente único e completo, parecia suprir com eficiência todas as necessidades das pessoas.

Mas se ele tinha tudo que era necessário, então porque as pessoas não conseguiam resistir em explorar os limites do jardim da razão?

Nele não havia qualquer tipo de cerca ou barreira, qualquer um era livre pra ir e vir, não havia proibição, qualquer um podia sair e voltar do território da razão na hora que bem entendesse. E sempre voltavam.

Além dos limites do jardim podia se ver uma floresta densa a qual foram dados diversos nomes: floresta dos pecados, dos errantes, da insanidade, da loucura...

Nessa floresta era possível encontrar diversas árvores frutíferas, cujos frutos suculentos e saborosos eram bastante tentadores. Havia frutos pra todas as curiosidades, fruto da inveja, do sedentarismo, da discórdia, da guerra, do apetite sexual, do sucesso, do abuso de álcool, da loucura, da riqueza, da alucinação, do descaso, da soberba e tantos outros. Era só chegar e aproveitar.

Depois de um banquete na floresta as pessoas costumavam retornar ao jardim da razão carregadas pelo sentimento de culpa, mas eram sempre bem recebidas de volta e logo esse remorso passava. O problema era que, tendo provado o fruto uma vez, a pessoa jamais esquecia seu sabor e por isso continuava indo à floresta e voltando ao jardim carregada de culpa, e indo à floresta, e voltando...

Até hoje não dá pra entender o porque das pessoas abandonarem o jardim da razão (que lhes oferece todo o necessário) para se aventurar na floresta em busca de frutos suculentos. Talvez seja pelo caráter monótono e previsível da razão; a floresta traz ao menos alguma emoção, nos tira um pouco do controle da situação.

E quem consegue viver somente de razão?

Por isso que vivemos fugindo até a floresta, e voltando ao jardim, e fugindo... :
"Errar é humano, recair também..."

[Mente Hiperativa]

7 comentários:

Hugo Otávio disse...

Comentário parcial. Concordância também.

Mente Hiperativa disse...

Entendi nada...

Anônimo disse...

Eu entendi.. rs

Hugo Otávio disse...

Tem que vir de novo pra ler o seu re-comentário... Quando responder, é bom enviar para o e-mail senão não adianta nada você re-comentar. :P

Hugo Otávio disse...

Eu disse:
"Meu comentário é parcial, assim como minha concordância também o é".
Comentário curto. Concordo em parte.

Aninha Terra disse...

Puxa, gostei do blog...aliás essa coisa de hiperatividade é mesmo verdade??? compartilhe!!! bjooossss

Mente Hiperativa disse...

De certa forma sim, espero que nao seja nada patologico a ponto de me prejudicar. To ate lendo um livro sobre hiperatividade: Mentes inquietas - entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas.

Espero que me ajude. Bjo e ve se aparece mais por aki! ehehhe

Blogo, logo existo.

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"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."

Mário Quintana