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25 janeiro 2010

Os super poderes da guerra

Sempre aparentei ser uma criança normal, como qualquer outra; misturada a um bando de crianças eu passava desapercebido, tranquilamente. Poucos sabiam, entretanto, que eu estava passando por um treinamento árduo, que durou dezoito anos e me rendeu super poderes - ou super sentidos. Vivi todos esses anos no meio de um fogo cruzado, entre duas trincheiras carregadas com um arsenal de ponta, aprendi diversas técnicas de combate.

Como toda guerra ninguém sabe dizer quem foi que começou, se meu pai ou minha mãe, fato é que ambos alimentaram o conflito e perpetuaram-no até que não houvesse mais condições de continuar, ou seja, até eu crescer e me tornar um homem.

A mim nunca interessou saber de onde partiu o começo dessa disputa sem vencedores, eu nunca procurei um algoz, nunca quis escolher 'um lado' e sobretudo jamais deixei de amá-los, em momento algum. Isso tudo não significa dizer que tenha sido fácil, não foi, chorei bastante, sofri, errei e muitas vezes me senti culpado por tudo aquilo que acontecia.

Também me decepcionei, assim como devo ter decepcionado a eles em algum momento. Hoje, alguns anos depois do cessar fogo, carrego algumas cicatrizes que me fortalecem; feridas abertas não tenho nenhuma.

Nesse longo treinamento aprendi diversas lições, a primeira delas foi a "audição seletiva". Essa ferramenta não se vende em supermercados ou polishop, mas tem uma utilidade impressionante, carrego comigo até hoje. Com ela eu escuto apenas o que me interessa, o que é positivo, o que traz amor e felicidade. Caso eu seja bombardeado com palavras de cunho conspiratório, negativo, rancoroso ou difamador; rapidamente elas são filtradas e descartadas, sem conseguir penetrar na minha mente. Afinal de contas pra que assimilar algo que, desnecessariamente, me fará mal? Melhor nem escutar!

Aprendi que meu estômago precisa ser bastante forte, pra que possa digerir não somente alimentos, mas também informações. Essa digestão crítica se apresentou como um constante exercício de ponderação, que me ajudou a manter a saúde mental livre da corrosão por parte da influência e da alienação.

Meu olfato também sofreu um aprimoramento, agora consigo sentir de longe o cheiro do conflito e da discórdia, o que me permite tomar rapidamente as atitudes cabíveis. Aprendi que devo me afastar desse tipo de odor e sempre manter no ambiente o aroma do amor e da compreensão.

Pra poder enxergar além das aparências desenvolvi ainda o sentido da visão, passei a ser um observador de detalhes, a deduzir o humor da pessoa através de sua expressão. Criei um meio de perceber as coisas além do que querem que eu perceba; não chego a ler pensamentos, mas sou perfeitamente capaz de presumi-los.

Depois de tantos anos de treinamento intensivo e exercícios de condicionamento, me tornei expert em utilizar as mãos para diversos fins; modéstia parte tive os melhores mestres ao meu alcance. Por isso sou capaz de usar as mãos de forma rígida e áspera, mesmo sem utilizar a violência; ou de forma amável e carinhosa, através dos gestos mais humanos e devotados.

Foram anos de desgaste que poderiam ter me destruído, mas na verdade me fortaleceram. Vivi um constante risco de desabamento, que jamais obteve êxito em sua implosão. Hoje, passado tudo isso, encaro a situação como se tivesse sido um grande treinamento, que me preparou pra vida e me deu super poderes para enfrentá-la.

Sendo assim passei a ter em mãos todo um arsenal bélico, domino técnicas de guerrilha e estou pronto pra qualquer combate. Posso começar uma guerra semelhante àquela a qualquer momento se eu quiser, mas dificilmente o farei. Digo isso pois diferentemente dos meus pais (naquela época) eu tenho a consciência de que essa guerra não faz vencedores, apenas vítimas; prefiro, então, utilizar esses super poderes pra outros fins, mais pacíficos e humanísticos.


[Mente Hiperativa]

2 comentários:

Hugo Otávio disse...

Nossa...
Fique até com medo...
Mas ainda bem que na conclusão há uma boa finalidade... mas, mesmo assim...
:S

Anônimo disse...

Gostei muito deste post.

Parabéns!

Blogo, logo existo.

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"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."

Mário Quintana