Criançada, ela não era de brigar com elas, não, mas parecia não gostar muito de crianças, evitava sempre ir a circos, escolas, parques e até clubes, qualquer lugar que estivesse lotados de crianças. Dizia sempre que o seu barulho a incomodava, a bagunça também.
Na verdade ela nem parecia TÃO incomodada assim, não parecia odiar as crianças, mas era o que ela falava.
Joana tinha 33 anos, muito bem casada, ela e o marido se amavam, tinha uma carreira profissional sólida e um emprego seguro. A vida parecia perfeita e exemplar, a não ser pelo fato deles terem decidido por não ter filhos; na verdade essa decisão partiu dela e ele acabou por aceitá-la diante da posição irremediável da esposa que tanto amava. Por causa dela ele abriu mão do sonho de ter um filho.
Quando as pessoas perguntavam a ela quando deixaria de besteira e engravidaria de um lindo bebê ela desconversava, saia discretamente de perto deles e ia pra algum lugar ficar sozinha. Na solidão ela chorava, sofria, calada. Ela se sentia murcha, oca, vazia, inútil. Ela não sabia como dizer, mas não podia ter filhos, era infértil. Ela sentia que não podia revelar esse segredo pra ninguém, jamais. Por isso ela não compartilhava seu sofrimento com ninguém.
Desde que descobriu que jamais poderia ter filhos -algum tempo depois de se casar- o mundo lhe pareceu dividido entre "os férteis" (felizes e realizados) e "os inférteis" (infelizes e frustrados). Acho desnecessário comentar como ela se sentia no dia das mães.
Além de todo sofrimento por causa de si mesma, sua frustração, seu desejo impossível de gerar uma criança no seu ventre, Joana ainda se culpava todos os dias pelo seu útero ter cruzado o caminho do marido. Ela não suportava a idéia de que sufocou o sonho dele que era ter um filho.
Por isso Joana não gostava do natal, nem das crianças, nem parques ou clubes. Ela fugia de tudo que lhe lembrasse da sua INfertilidade. Joana sofria calada, e ninguém sabia disso.
[Mente Hiperativa]
10 comentários:
Sinceramente, não sei se tenho pena de Joana ou se acho ela uma sortuda.As vezes eu tenho certeza que não quero ter filhos, as vezes tenho certeza que nasci para ser mãe.Mas essas crianças hoje em dia andam tão tinhosas que tenho até medo de ter filhos e a frase se repete mil vezes na minha cabeça "Filhos!Melhor não tê-los!"E além do mais acho que nem todo mundo nasceu para ter filhos, todos tem por convensão social,,mas tem umas mães ai que vou te contar.Mas diga a Joana que se ela não pdoe ser mãe biológica que ela seja mãe de coração é tão belo quanto.
Beijosss
Melhor é poder ter filho e decidir se quer ou nao...
Eu não sei se me sentiria culpada como a Joana. Mas com toda a certeza me sentiria triste. Eu sonho em ser mãe...
Acho que adotaria (este já é um plano). Não ia passar pela experiência, mas... =)
Belo post! :D
O que não devemos fazer a tornar nossos corações inférteis tbm...
Belo texto, parabéns!!!
Bjs...
Acho a Joana uma boba, as pessoas colocam a felicidade nos lugares mais estranhos. é um sentimento muito egoísta, envolve a vida de outras pessoas, sem contar na responsabilidade que um futuro filho teria. Existem tantas formas de amar, ele poderia adotar uma criança, seria até mais humano, e não me vendo com essa de: Nada como um filho saido das minhas entranhas, isso sim é egoísmo. Joana você é uma boba!
Milhares e situações como essa que você descreve, existem por aí. As mulheres só se sentem completas quando são mães, pelo menos a maioria.
Abração
Ah, Joana...a feminilidade dói... de um jeito ou de Outro...
Não querer é facil... difícil é lidar com o não poder!
bj
mesmo que nao queira ter filhos, a mulher quer ter o poder da escolha (de gerar ou nao em seu ventre), talves a frustação de joana nao é bem ter filhos, mas sim, nao poder excolher em ter ou nao! ( nao sei bem se acompanhaste meu pensamento...)
Não querer é uma decisão simples e muito facial....Não poder é uma dura imposição da vida.
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