O tempo passou, sua mãe teve vários maridos e namorados e cada vez que o namorado da vez partia - por não aguentar mais o temperamento e consumo excessivo de álcool por parte da mãe - Renatinha ouvia a mesma história de que ninguém nesse mundo merecia confiança, que ninguém amava ninguém, era tudo interesse.
E não pense que foram poucos namorados, sua mãe mal conhecia um cara e logo trazia pra morar na sua casa. Carência? Necessidade? Quem sabe?!?!?!?! O fato é que Renatinha teve diversos "pais", entre aspas mesmo, e cada vez que estava quase se acostumando com um deles, sua mãe tinha uma grande discussão e ele ia embora. Era sempre assim. E no fim das contas ela não teve pai algum, nenhuma referência.
Com o tempo ela desenvolveu um interessante mecanismo de defesa, aprendeu que não deveria se apegar aos namorados da mãe, simplesmente ignorava a presença deles na casa, na sua vida. Ela não fazia por mal, só não queria sofrer ainda mais, visto que sempre que se apegava eles sumiam depois e a deixavam ali sozinha, triste.
Renatinha cresceu, hoje é Renata, tornou-se uma pessoa super reservada, de poucos amigos que levaram muuuito tempo pra conquistar sua confiança. O resto, os colegas, ela trata de maneira bastante superficial. Nunca teve um namorado, dizia que não tinha tempo pra isso, de fato ela trabalhava demais, advogada de renome, praticamente uma workaholic; ela detestava ter tempo livre, pois isso lembrava o quanto era vazia sua vida pessoal.
Ela se escondia atrás do trabalho, negava a vida pessoal e sobretudo os relacionamentos. Ela sabia, tinha convicção de que se deixasse algum cara se aproximar demais ele a deixaria sozinha e despedaçada. Ela não queria mais sofrer.
E quem podia lhe dizer que estava errada?
[Mente Hiperativa]
2 comentários:
Essa história se repete em vários lares do mundo, é mais do que realidade. Com o passar do tempo as coisas vão acontecendo e nós não sabemos os reais motivos, é tão inconsciente que não tem como detectar. o casa de Renata é assim.
Abraço
"é tão inconsciente que não tem como detectar"
É verdade, só percebe quem observa de fora, e observa atentamente, colhe a história da pessoa, analisa e encaixa os pedacinhos.
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