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10 outubro 2010

A vida como ela é


Não era um dia ensolarado e bonito. Era um dia normal, como qualquer um outro. Não havia pássaros cantando nem borboletas voando pelo bosque. Não havia bosque, estamos na cidade, sabe como é, concreto, vidros e muitas paredes.

Ele estava numa lanchonete do centro da cidade, suja e até um pouco repugnante, mas resolveu parar ali e tomar um café. De repente enxergou uma garota na outra mesa, sozinha. Ela não era tão bonita como uma modelo, usava óculos e seu cabelo estava amarrado, bem amarrado, provavelmente porque chamaria muita atenção se ficasse solto. Talvez não chamasse tanta atenção quanto às espinhas que ela tinha no rosto, mas tudo bem, ele também não estava dentro dos rígidos padrões de beleza, era gordinho, usava óculos e tinha um tique de mexer com a boca.

Continuou tomando seu café, que parecia ter sido feito no dia anterior. Tomava o café e contemplava a garota. O café não se tornou doce e saboroso por estar olhando pra ela, mas sim continuava com o mesmo sabor sem graça.

A garota começou a olhar pra ele, que gostou mas nem com isso sentiu borboletas no estômago ou ouviu sinos tocarem. Provavelmente porque não havia qualquer igreja por perto daquela lanchonete imunda. Seu coração também não acelerou, tinha uma saúde muito boa e nenhuma queixa cardiovascular. Na sua família não havia qualquer indício de problemas cardíacos.

Ela sorriu pra ele, que logo se encheu de coragem e se aproximou dela. Aquilo tinha sido um convite. Ele perguntou se podia sentar-se à mesa com ela, que prontamente o recebeu. Conversaram. Trocaram telefone. Em uma semana estavam namorando, e em dois meses se casaram.

Quando a conheceu não sentiu o chão sumir ou seus pés flutuarem, mas sentiu uma imensa simpatia por aquela garota, sentiu que ela era a garota perfeita pra ele, sem borboletas no estômago ou sinos tocando no pé do ouvido. Suas mãos suaram, é verdade, mas elas suavam quando estava na fila do banco, aguardando a vez no médico ou durante o jogo de futebol. Ele tinha hiperidrose.

É... parece que deram certo, estão casados há 25 anos, sem fantasias ou contos de fadas.

[Mente Hiperativa]

4 comentários:

Dario Dariurtz disse...

Todos nós somos diferente, graças a Deus, como um gosta de uma forma diferente, ama de maneira diferente. Quanto mais diferentes somos mais a vida se torna interessante.

Abraço, bom domingo!

Rosani disse...

Fique aqui pensando nessa história, já sentir o encantamento da ilusão, confesso foi quando me sentir mais viva, com todas as cores, aromas e sons,porém, quando o encantamento acaba...putz! aí que voce percebe que vale mais pena as vezes ter amor sem contos de fadas,porém nos da uma tranquilidade.
Gosto do seu blog, através dele estou aprendendo ver a vida em outro foco.

grande abraço!

Rafael Sperling disse...

Gostei, foi um texto bem "pé no chão"...
Abraço

Hugo Otávio disse...

Interessante.
Concreto como a passarela.

Blogo, logo existo.

Blogo, logo existo.
"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."

Mário Quintana