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10 outubro 2010

Urgência emocional


EXCELENTE reflexão de Martha Medeiros que reflete os valores da sociedade contemporânea no amor, conferindo-lhe um caráter de urgência desesperadora:
Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos num átimo de segundo. Temos pressa para ouvir "EU TE AMO". Não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio: Somos namorados, ficantes, casados, amantes?
Urgência emocional. Uma cilada. Associamos diversas palavras ao AMOR: Paixão, Romance, Sexo, Adrenalina, Palpitação. Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: "Paciência".

Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada. É preciso degustar cada pedacinho do Amor, no que ele tem de amargo e de saboroso, no que ele tem de duro e de macio. Os nervos do Amor, as gorduras do Amor, as proteínas do amor, as propriedades todas que ele tem. É uma refeição que pode durar uma vida.

Mas, não. Temos urgência. Queremos a resposta do e-mail ainda hoje, queremos que o telefone toque sem parar, queremos que ele se apaixone assim que souber nosso nome, queremos que ela se renda logo após o primeiro beijo, e não toleraremos recusas, e não respeitaremos dúvidas, e não abriremos espaço na agenda para esperar.

Temos todo o tempo do mundo, dizem uns; Não há tempo a perder, dizem outros: A gente fica perdido no meio deste fogo cruzado, atingidos por informações várias, vivências diversas, parece que todos sabem mais do que nós, pobres de nós, que só queremos uma coisa nessa vida, "Sermos Amados".

Podemos esperar por todo o resto: emprego, dinheiro, sucesso, mas não passaremos mais um dia sequer sozinhos. "Te adoro", dizemos sei lá pra quem... Para quem tiver ouvidos e souber responder. "Eu também", que a gente está mais a fim de acreditar do que de selecionar."Urgência Emocional", PRONTO-SOCORRO DO AMOR... Atiramos para todos os lados e somos baleados por qualquer um.

E o coração leva um monte de pontos por causa dessa tragédia: "PRESSA".

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Me assusto com essa urgência emocional. Quando conheço uma garota assim me dá vontade de sumir, fugir, correr; me sinto sufocado, espremido, asfixiado. Comigo não dá, não sei engolir o amor sem nem mastigar, como um crocodilo do Nilo ou um refugiado da miséria. Preciso degustar o amor, mastigá-lo bem, sentir seu aroma e sabor. Preciso de tempo. Não sei adiantar as coisas, prefiro largar o prato cheio a ter que engoli-lo de uma vez.

Afinal, pra que tanta pressa???

[Mente Hiperativa]

2 comentários:

Hugo Otávio disse...

Degustar o amor. Muito interessante a colocação desse verbo para o amor. Aos poucos, ele vai percorrendo o nosso interior, encontrando e fixando raízes, profundas, quando vivido plenamente, sem pressas. Ah... o amor! De que valeria tantas coisas se ele não existisse?

Allyne Evellyn disse...

Concordo com o Hugo...Do que valeria avida se o amor não existisse. Se hoje vivo, trabalho, estudo é poque amo...varios amores...familia, irmaos e o mais especial e intenso que são os amores romanticos....

Adorei o texto. Vou colocar pros meus amigos! valeu!

Blogo, logo existo.

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"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."

Mário Quintana