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21 maio 2010

Já se sentiu invisível?

Ontem eu vivi a experiência de sentir-me invisível, e não estou falando de algum devaneio da minha (fértil) imaginação ou de de um super poder que eu tenha descoberto recentemente, a realidade é bem mais cruel que isso.

Ontem à noite eu estava na frente de um super mercado bastante movimentado aguardando a carona de um amigo, que demorou bastante em vitude de um acidente de trânsito ocorrido nas proximidades. Eu estava lá, inquieto como sempre, olhando tudo que se passava, toda a movimentação, quando de repente uma senhora se aproxima, silenciosamente.

Ela aparentava ter mais ou menos uns cinquenta anos, estava descabelada e mal-cuidada, era banguela e bastante humilde.
Ela aproximou-se de mim e perguntou se eu tinha cinquenta centavos. Respondi que não, pois de fato havia saido de casa sem dinheiro algum.

Fiquei observando ela, que se pôs a pedir trocados às pessoas que passavam naquela calçada movimentada, quietinha no seu canto, parecia que tinha receio em incomodar.
Fiquei próximo a ela, olhando, e não resisti em perguntar o que estava ocorrendo:

-É dinheiro pra passagem do ônibus é?
-Sim - ela respondeu - moro no interior, vim aqui em busca da ajuda de uma amiga mas ela se mudou, agora não tenho dinheiro pra voltar pra casa.

Encerrado nosso curto diálogo ela ficou ali, sozinha, vulnerável, pedindo- em vão- alguns trocados para completar o dinheiro de sua passagem. Me imaginei naquela situação, estaria desesperado, mas ela não parecia tão aperreada com o desprezo e a falta de perspectiva.

Coitada, pensei, talvez já esteja acostumada e conformada com o descaso das pessoas, acostumada a ser tratada com tanta indiferença pelos outros.

Me senti invisível. Mesmo que eu não estivesse sendo ignorado por ninguém naquele momento, me senti projetado naquela senhora, me coloquei no lugar dela e fui capaz de sentir-me naquela situação, naquele lugar que ela estava. Fiquei indignado, pois a maioria das pessoas que passavam pela calçada sequer paravam, não olhavam pra aquela senhora que pedia-lhes um trocado, niguem lhe dava a menor bola.

É como se ela fosse invisível. Eu me senti, por extensão, invisível também. E não foi nada agradável.


[Mente Hiperativa]

3 comentários:

Juliane Pontes disse...

Sennaaaaa!!!! Projeção. Tá usando mesmo os mecanismos de defesa, hein? kkkkkkkkkkkkkkkkk
Mas, é verdade. Às vezes, nos colocamos mesmo no lugar das pessoas. Parece que nos desligamos totalmente de nós por alguns instantes... Num caso desses é bem triste. Mas,em situacões alegres, essa projeção é ótima!
bj!

Mente Hiperativa disse...

Mas eu acho que a projeção do mecanismo de defesa é o contrário, não!? Seria projetar nos outros algum aspecto seu que você não aceita ou não sabe lidar, projetar nos outros uma porção sua que você não aceita. Eu acho...

Amandita disse...

Eu senti a dor aqui. A dor dela, a dor sua. Pena dizer 'lindo texto' porque ele provém de uma dor indizível, não é?

Coragem sua em captar esse desprezo. Tive vontade de fechar o texto, não ler mais. Mas só porque senti. E as vezes acho que é esse o medo das pessoas, o que você fez: Sentir-se assim também.

Blogo, logo existo.

Blogo, logo existo.
"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."

Mário Quintana