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22 dezembro 2010

Ela também queria um pouquinho de atenção


Angélica descobriu aos 8 anos que tinha epilepsia. Desde então passou a ser cuidada pelos pais, mas naquele tempo não se dispunha de muitos recursos, por isso ela não pôde ter uma vida 'normal', seus pais não deixavam.

Agora ela já era adulta, casou-se, estava prestes a realizar o grande sonho de sua vida, ter um filho, ao mesmo tempo tinha muito receio de que o mesmo sofresse da mesma doença que ela. O bebê nasceu, Victor, e quando cresceu um pouco descobriu-se, tinha epilepsia. Desde o começo seu marido, Amaury, apoiou muito a esposa e juntos buscaram um tratamento para que seu filho levasse uma vida normal.

Desde então as atenções se voltaram pra Victor, ele era assistido por uma equipe de profissionais, fazia terapia, tomava medicamentos, não ficava sozinho, tinha motorista... Enfim, dispunha de todos recursos que seus pais podiam lhe dar para que vivesse normalmente, e não de uma forma tão limitada como viveu sua mãe por toda a infância e boa parte da adolescência. "Os tempos são outros, hoje temos muitos recursos", dizia Angélica, ao mesmo tempo em que se consolava pelo filho não ter que viver como ela viveu por tanto tempo, de forma tão limitada.

Um dia o casal resolveu ter outro filho, na verdade não foi planejado, a pílula falhou e aconteceu dela engravidar novamente, mas foi muito bem recebido pois eles amavam crianças, amavam o filho que tinham e gostaram de repetir a experiência. Deram ao bebê o nome de Lorena, ela cresceu com muito amor e atenção dos pais, mas desde cedo ela percebeu que victor seria sempre o centro das atenções, o foco da família.

Lorena, como qualquer um de nós, teve seus problemas e não foram poucos, mas os pais estavam sempre ocupados com o Victor, sempre de olho nele, e pouco notavam o mau desempenho e desenvolvimento atrasado da Lorena. A caçula tinha Muita dificuldade de ler, se dava mal na escola, era considerada preguiçosa, má aluna. Mas ela não fazia por mal, apenas não conseguia e não sabia como pedir ajuda aos pais, tão zelosos e ocupados com o Victor.

Dislexia, ela tinha isso, os pais nunca perceberam pois sempre estavam tratando o Victor, cuidando do Victor, levando o Victor na terapia, não podiam deixar o Vitor sozinho pois ele poderia ter uma convulsão e alguém precisaria estar sempre por perto. E a Lorena? "Ah, a Lorena não tinha problema algum", eles diziam, "é uma menina de ouro, não dá trabalho algum". Tadinho da Lorena, nem se ela quisesse dar trabalho, ninguém notaria mesmo.

Assim a Lorena cresceu, se virando como dava, evitando ao máximo se expor pra não passar vergonha, cresceu acompanhada de seus problemas. Com o tempo ela foi se fechando para o mundo, se tornou uma pessoa muito tímida, envergonhada, retraída, tinha medo que descobrissem 'seu segredo', que pedissem para ela ler em sala de aula, então aos poucos foi se escondendo do mundo. E os pais nem notaram o quanto ela se tornou anti-social e depressiva, estavam muito ocupados com o Victor.

E então,será que a vida ensinou a Lorena a sanar suas próprias feridas? Ou ela ainda permanece vagando por aí, confusa e problemática, esperando em vão que seus pais percebam isso?

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Essa história e inverídica, saiu totalmente da minha imaginação Fértil, mas serve de um bom exemplo que infelizmente é muito comum, um dos filhos tem algum problema de saúde ou de outra ordem, todos os cuidados e toda a atenção acabam se voltando pra ele, é natural.

Mas e o outro filho? E os problemas dele? Ninguém percebe, parecem mínimos, tão mínimos que muitas vezes não são vistos, ou então são ignorados, tidos como besteira perto do outro filho 'problemático'.

Mas não podemos esquecer que por maior que seja o problema de um filho, o outro possivelmente também terá suas dificuldades, todos nós temos, e quem poderá dizer que as dificuldades de um são menores ou maiores que as do outro? Existe uma régua ou balança com a qual se meça isso?

Não, claro que não.

[Mente Hiperativa]

6 comentários:

Wanderley Elian Lima disse...

Essa estória é muito mais comum do que se possa imaginar. Não existe problema maior que o outro, o problema é grande para quem o carrega, por isso, sempre que possível, evito dar conselhos da resolução dos problemas dos outros. Cada um sabe onde o calo aperta.
Abração

Déia disse...

É, me lembrou aquele filme com a Cameron Diaz, onde a segunda filha veio para ser doadora da filha doente!

As vezes esquecemos de nos preocupar com o filho que não dá trabalho.. e só ele sabe o vazio que isso vai deixar em seu peito!

bj

*Mi§§ §impatia* disse...

O Natal chegou. Com ele nossas esperanças, nossos novos sonhos. Que nossas esperanças estejam sempre vivas, e que nossos sonhos tornem-se realidade. E que neste Natal o amor, a fé e a esperança estejam presentes em cada um de nós, que a cada novo dia do ano que está para começar estejamos iluminados. Feliz Natal, para você e a todos os seus familiares.

Beijos no coração.
Miss Simpatia.

Mente Hiperativa disse...

Obrigado! Pra você também!!!

Camila Sousa de Almeida disse...

Adorei! Sua imaginação não só é fértil quanto dá bons frutos! :)E que eles sejam doados a quem deles necessitar...

Quanto ao selo, ele nasceu para ser roubado. Realize-o! ;)

abraço de "que ano que vem tudo seja melhor ainda"

Tânia Oliveira disse...

Essa estória me fez lembrar um fato triste que aconteceu ano passado, uma mulher tinha 4 filhas, uma delas foi fazer uma cirurgia plástica e teve parada cardiorespiratória e hoje vive uma vida dependente da mãe (o marido a abandonou com 2 filhos pequenos depois disso) e a mãe só vivia para cuidar da filha doente que sempre inspirava cuidados, a mais nova adoeceu e não notaram, acharam que era gripe, virose ou problema no estômago. Ela ficou muito doente de uma hora para outra e precisou de um transplante de rim, não deu tempo, ela morreu antes. A mãe ficou com uma filha a menos e outra totalmente debilitada para a vida toda. Essas historias são mais reais do que a gente imagina e nem sempre tem finais felizes. Adoro o blog, pois sempre tem algo que me faz refletir e agradecer a Deus por tudo na minha vida, até os meus probleminhas que são ínfimos diante de tantos outros! FEliz Natal para voce!

Blogo, logo existo.

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"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."

Mário Quintana