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17 junho 2010

Amargura

Mara se incomodava com a alegria alheia, não podia estar num lugar com pessoas felizes, dando gargalhas que logo fazia a energia do ambiente pesar, mudava o rumo da conversa e espalhava sua amargura pra todos os lados. Todos calavam, ficavam em silêncio. Um a um iam embora, discretamente, ou não, se afastavam daquela má influência.

Claro que à princípio eles tentavam ajudá-la, chegavam junto, conversavam, orientavam e ofereciam ajuda, mas logo percebiam que ela não queria ajuda, parecia 'curtir' aquele estado pessimista, ou então já estava conformada, já tinha aceito viver assim o resto de sua vida. Por isso as pessoas logo desistiam dela, e se afastavam.

Quando percebia que as pessoas lhe deixavam sozinha, Mara arrumava brigas com elas, talvez um mecanismo inconsciente de chamá-las a atenção. Ela queria alguém pra ouvir suas lamúrias, se não ouvissem por bem, ela arrumaria algum motivo, por mais banal que fosse, pra brigar, discutir, descarregar toda a angústia que tinha no peito.

Ninguém fazia essa leitura, mas Mara na verdade estava dando gritos desesperados, era a forma que ela encontrava de pedir ajuda. Ela era triste, amargurada, deprimida, mas não sabia como aceitar ajuda. Ela sequer sabia porque sofria tanto.

Todos seus amigos diziam que ela não tinha porque sofrer, a vida havia sido generosa com ela, mas ela só fazia reclamar, nada estava bom, era a eterna insatisfação em pessoa. Ninguém fazia nada certo, ninguém prestava pra ela, nada estava bom, NADA. Por isso ela se afastava de tudo e todos, e ela aprendeu a afastar inclusive as pessoas que insistiam em acreditar nela. Tornou-se expert nisso.

Às vezes Mara ia andar na praia, no fim da tarde, e se colocava a pensar na sua vida, concluia que não fora sempre asssim, amarga, um dia fora feliz. Mas não se lembra quando começou a sentir-se assim, quando começou a se afastar das pessoas e sentir-se tão mal. Ela não sabe como começou isso tudo, talvez há mais de 20 anos atrás, na sua adolescência conturbada.

Certa vez ela pesquisou a origem do seu nome, num site da internet, "Mara, do Latim, amarga, amargosa". Parece que seus pais acertaram em cheio no seu nome, mas parece que foi só no nome mesmo.

Não me pergunte o que se fez de Mara, da última vez que foi vista estava sozinha, ninguém mais aguentava seus constantes ataques, todos desistiram dela. Até ela própria.

[Mente Hiperativa]

2 comentários:

Hugo Otávio disse...

Nossa...
Trágico fim...
Desistir de você mesmo é algo a se pensar. A vida pode ser a pior que existe porém se não houver força e disposição para lutar por ela, complica.
Interessante, "Mara"...

Mente Hiperativa disse...

Poise, mas existem muitas Maras por ai que se recusam a aceitar ajuda e ainda botam pra correr quem se atrever a tirá-la do aconchegante e cômodo buraco onde estão.

Triste mas é verdade. Eu não tô aqui pra falar só de alegria, tô aqui pra falar da realidade.

Abraço e valeu pelos comentários, sócio.

Blogo, logo existo.

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"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."

Mário Quintana