Mais uma vez ele saiu do trabalho, tarde, e foi pra o bar. Não era alcoólatra, era pior que isso. Ele quase nem bebia, só ia pro bar pra fugir da solidão. Não queria encará-la de frente quando chegasse em casa e notasse que estava sozinho.
Ele ia rotineiramente para o bar pra ver os “amigos” -entre aspas mesmo- pra jogar conversa fora, pra fingir que era feliz e contar suas felicidades, abstratas e inventadas. Mas ele sabia que não era feliz.
Mais um dia acabou, chegou em casa de madrugada, sem sono, dormiu quase ao amanhecer enquanto assistia a um documentário qualquer do Discovery channel.
No dia seguinte acordou tarde, como sempre, e foi trabalhar. Ele adorava trabalhar, ou pelo menos era o que sempre dizia a toos. O trabalho servia como perfeita fortaleza para esconder-se da vida, pra não ter que encarar o vazio que ele próprio construiu em torno de si. Era a perfeita desculpa que ele tinha pra justificar a sua falta de tempo.
O que ele fizera pra viver assim?
O que precisava fazer pra sair dessa?
Será que ele se pergunta isso?
Assim ele ia vivendo, se escondendo no trabalho, se distraindo nos barzinhos, sempre disfarçando um vazio que ele conseguia esconder de todos, menos de si mesmo. Nos seus momentos de reflexão ele sabia que tudo era fingido, calculado. Ele sabia que só ele podia mudar aquela realidade tão amargurada. Mas como?
Até quando será que ele vai aguentar viver assim?
[Mente Hiperativa]
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