Aquela casa sempre teve muita alegria, só faltava um pouco mais de música.
A pouca música que se ouvia saia da boca de Maria, que passava o dia cantarolando na cozinha, ou de vovó. Pela casa não se via aparelho de som, apenas nos quartos. No quarto de vovô tinha um bem grande que meu tio trouxera de uma de suas viagens, salvo engano da França.
Quando havia alguma festa lá em casa eu e meu irmão éramos convocados a descer o aparelho de som, ele era mesmo pesado, vovô chamava a gente pra ajudar a desce-lo. Na festa o som embalava a todos e animava-os a dançarem na pequena pista de dança, de mármore, que fica lá embaixo no quintal onde rolavam as grandes festas.
A música também era uma constante no quarto do meu tio, que tem uma coleção de cd's com mais de 1400 exemplares, ele sempre colocava alguma música que vovó gostasse muito, ele colocava bem alto -quando vovô não estava em casa- e chamava ela até lá. Ela adorava, eram pequenas homenagens, diárias, singelas. Era alegria. Ela rodopiava, dançava, cantava... Ouvindo aqueles 'sambas de antigamente'. Depois dava meia volta e ia cuidar dos afazeres, 'tenho que fazer doce de banana', 'o bolo de chocolate tá no forno', 'vou buscar os meninos no colégio'.
Ah, que saudade... Naquela casa nunca faltou alegria, apesar da 'pouca' música.
[Mente Hiperativa]
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