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12 junho 2010

A origem da loucura, segundo Mari


Eu já havia assistido ao filme 'Veronika decide morrer', adaptado do livro homônimo de Paulo Coelho. Agora resolvi ler a obra escrita. Lá pela metade do livro encontrei uma boa passagem que versa sobre a origem da loucura, o direito, as leis e toda confusão que isso causa na nossa cabeça.

A essa altura do livro Veronika já havia perdido o gosto pela vida, havia tentado suicídio tomando comprimidos que lhe trariam uma morte rápida. Mas sua tentativa foi frustrada e causou um dano cardíaco que lhe garantiu o suspense de poucas semanas de vida. Agora Veronika estava internada numa clínica psiquiátrica, sem saber quanto tempo ainda teria de vida.

Durante essas 'semanas' ela vive profundas transformações, intensas reflexões, se emociona e descobre o valor de viver. Dentre as pessoas que lhe ajudaram está Mari, que tem uma idéia interessante acerca da origem da loucura. Segundo ela o que leva as pessoas à loucura é o excesso de ordem, isso mesmo, a infinidade de leis e regras que conduzem a sociedade e controlam (invisivelmente) nossas vidas.

Mari diz que as pessoas se assustam diante de tanta ordem, que elas temem dar um passo fora do regulamento, temem fazer algo que fuja ao padrão imposto pela sociedade, têm medo de fazer isso e serem consideradas loucas. Contraditoriamente elas enlouquecem para não parecerem loucas. Por isso se fingem-se normais diante dos outros, escondem suas pequenas loucuras e vão vivendo, contidas e frustradas.

Após ter trabalhado na justiça por 40 anos, Mari foi atacada pela síndrome do pânico. Uma vez internada na clínica psiquiátrica, logo o sócio pediu seu afastamento e seu marido, o divórcio. Sem querer encarar um mundo de loucos que se fingem normais, ela preferiu -mesmo depois de curada- manter-se na clínica, afinal lá ela podia ser ela mesma, sem ter que se conter ou fingir.

Logo no início da sua carreira Mari descobriu que a justiça não serve pra resolver os problemas de ninguém, mas sim pra prolongar indefinidamente uma briga. Eis então que ela faz uma brilhante reflexão sobre esse mundo de leis que não cumprem seu propósito:
"Pena que Allah, Jeová, Deus -não importa que nome lhe dessem- não tivesse vivido no mundo de hoje. Por que se assim fosse nós todos ainda estaríamos vivendo no paraíso, enquanto ele estaria ainda respondendo a recursos, apelos, rogatórias, precatórias, mandados de segurança, liminares -e teria que explicar que explicar em inúmeras audiências sua decisão de expulsar Adão e Eva do paraíso- apenas por transgredir uma lei arbitrária, sem nenhum fundamento jurídico: não comer o fruto do bem e do mal."
De fato as leis e regras de conduta não resolvem nada, apenas complicam nossas cabeças e tentam colocar-nos dentro de fôrmas pré-definidas. E ai de quem não se enquadrar nessas fôrmas, será considerado louco.

É preciso ser louco, sem jamais perder plenamente a consciência, sem deixar que reparem ou levem essa tendência tão a sério. Deixe que desconfiem da sua loucura, mas não deixe jamais que tenham certeza dela.

Seja louco o suficiente pra transgredir as regras, e equilibrado somente o necessário para reconhecer o peso de suas consequências. É isso.

[Mente Hiperativa]

Um comentário:

Hugo Otávio disse...

"É preciso ser louco, sem jamais perder plenamente a consciência"
O problema é a segunda parte da frase... Nem sempre acontece...

Blogo, logo existo.

Blogo, logo existo.
"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."

Mário Quintana